A busca por fontes alternativas de alimentos visando suprir a crescente demanda e garantir a sustentabilidade e proteção ao meio ambiente, levou ao surgimento da entomocultura, produção de insetos para alimentação animal ou humana. Os insetos já são consumidos em diversas culturas, no entanto não eram criados em sistemas produtivos ou larga escala, mas após a publicação pela Food and Agriculture Organization (FAO) sugerindo o uso de insetos como uma alternativa alimentar fez com que diversos pesquisadores, empreendedores, empresas e criadores ao redor do mundo investissem seus esforços no desenvolvimento de metodologias, conhecimento e tecnologias para a produção e processamento dos insetos. Levando a criação uma plataforma internacional com a intenção de centralizar e divulgar as pesquisas neste âmbito, a International Plataform of Insects a Food and Feed (IPIFF). Todo esse esforço tem gerado uma grande quantidade de informações que tem afirmado que os insetos são excelentes fontes de nutrientes e uma nova criação para a indústria de alimentos.
Os insetos se alimentam de resíduos vegetais, ou outros resíduos orgânicos, que necessitariam de outro destino como compostagens ou aterros sanitários, tornando uma fonte de alimento muito rico, além de acelerar o processo de decomposição, diminuindo patógenos presentes nestes resíduos e resultando num excelente adubo rico em nitrogênio e fósforo. Soma-se isso a incrível produtividade por área, o menor uso de recursos como água, solo, nutrientes e menor pegada de carbono, agregando um grande valor social para este recurso.
As pesquisas no geral definem os insetos como concentrados proteícos para dietas de animais de produção e pets com teores de gordura de 30 a 40% e proteína de 40 a 60% e baixa fibra em geral menos de 18% (MAKKAR et al., 2014). Com exceção das larvas do bicho da seda, os insetos são deficientes em metionina e lisina, tornando a suplementação destes aminoácidos necessária. A maioria das farinhas de insetos são deficientes também em cálcio e fósforo, sendo necessária a suplementação destes minerais nas rações confeccionadas com farinhas de insetos, principalmente aquelas destinadas às aves de postura (MAKKAR et al., 2014).
Insetos como fontes proteicas alternativas
Por outro lado, as larvas e pupas de insetos são ricas em outros aminoácidos essenciais como lisina e triptofano, ácidos graxos mono e ou poli-insaturados, cálcio, fósforo, ferro, cobre, magnésio, manganês, selênio, zinco, vitaminas do complexo B (RUMPOLD e SCHLÜTER, 2013) Estres valores dependem do tipo de insetos, da fase de desenvolvimento e da forma de uso, in natura, farinha ou farinha desengordurada.
Na União Europeia os insetos e seus produtos já são autorizados para uso na alimentação animal de monogástricos (suínos, aves), peixes, cães e gatos e tem seu uso proibido em ruminantes estes devem obedecer às normas e padrões de higiene para criação e comercialização. No Brasil a IN 110 de 24 de novembro de 2020 aprova o uso da barata cinérea, mosca soldado negro, tenébrio molitor e o grilo preto como ingredientes para alimentação animal, também com a restrição de não ser fornecida para ruminantes.
Em termos de mercado hoje os insetos não chegam a US$ 1 bilhão de dólares, mas projeções futuras estimam que este mercado pode chegar a US$ 8 bilhões até 2030 (Bussines Insider, 2019), isto devido ao apelo social e as motivações da população. Hoje empresas como Ynsect, Nutrition Technologies, Protix, AgriProtein, Enviroflight entre outras investem pesado na produção de insetos e se tornam novos players no mercado da alimentação animal. No Brasil ainda há poucas empresas registradas como a Nutrinsecta, a Repteis Brasil, VidaProteina, e diversas start-ups como a Metarmophosys Biotechnology.
O fato é que a entomocultura é um mercado em expansão que segundo estimativas do IPIFF para o crescimento do mercado de ingredientes de insetos mostra que os principais consumidores são o mercado de pet food.